Associação cobra cautela do governo diante da tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros e alerta para inflação, recessão e desemprego
Tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros preocupa a Aprosoja Mato Grosso, que recebeu com atenção a notícia das tarifas em 50% para os produtos exportados do Brasil para os Estados Unidos. Lembrando que os Estados Unidos ainda é o país que dita a economia mundial e detém a maior parte da tecnologia, além de ser um grande exportador. O Brasil tem tido superávit nas exportações nos últimos anos, o que ajuda a fortalecer sua economia.
Caso essa medida entre em vigor, os impactos serão imediatos, principalmente nas exportações de carne bovina e de frango. Esses dois segmentos, que têm aumentado sua presença no mercado norte-americano, influenciam diretamente os preços da soja e do milho. Além disso, outro ponto de preocupação envolve o petróleo. O Brasil não refina petróleo pesado e, por isso, depende das importações dos EUA para abastecer o mercado com derivados, como o óleo diesel, essencial para o funcionamento das máquinas agrícolas e para o transporte de alimentos em todas as cadeias produtivas.
Tarifa pode elevar custo de produção e inflação
Com isso, o Brasil precisaria buscar novos parceiros para exportar e importar esses produtos, o que significaria mais distância, perda de competitividade e aumento dos custos de produção e logística. Consequentemente, o preço dos alimentos subiria, pressionando ainda mais a inflação no país. Vale lembrar que também importamos dos EUA componentes eletrônicos de alta tecnologia e máquinas agrícolas modernas, que garantem maior eficiência e competitividade à nossa produção.
A Aprosoja Mato Grosso faz um apelo ao governo federal para que atue com cautela e diálogo. Segundo o presidente da Aprosoja MT, Lucas Costa Beber, se o Brasil aplicar a Lei da Reciprocidade, como anunciado, os Estados Unidos poderão retaliar com uma tarifa de 100%, somando seus 50% aos 50% brasileiros. Nesse cenário, os prejuízos para o agronegócio seriam severos. Produtos como carne, soja, milho, café e suco de laranja – todos com grande volume exportado aos EUA – seriam diretamente afetados. Os americanos são os maiores importadores desses itens, enquanto o Brasil lidera a produção e exportação.
Além do agro, setores industriais estratégicos também correm risco. Indústrias siderúrgicas e aeronáuticas, como a Embraer – grande fornecedora de jatos executivos e aviões de médio porte para os EUA – podem sofrer consequências diretas. Além disso, o Brasil importa motores e componentes eletrônicos essenciais, o que agrava ainda mais o risco de desorganização nas cadeias produtivas.
Por fim, Lucas Beber alerta que medidas como essas podem resultar em recessão, aumento da inflação e crescimento do desemprego. O agronegócio representa 25% do PIB nacional e é o setor que mais gera empregos atualmente. “Portanto, precisamos de uma ação responsável, com diálogo aberto e permanente com os EUA, para evitar consequências econômicas que afetem toda a população”, concluiu.
ABAG também critica tarifa dos EUA e cobra solução diplomática
A Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) também manifestou preocupação com a tarifa dos EUA sobre produtos brasileiros. Para a entidade, a medida deve impactar negativamente toda a cadeia produtiva exportadora do agro nacional, sobretudo nos segmentos de papel e celulose, carne bovina, suco de laranja, açúcar e café – produtos considerados estratégicos para o Brasil.
A ABAG destaca que não há justificativas econômicas para as novas tarifas, já que os Estados Unidos mantêm, há anos, um superávit comercial no relacionamento com o Brasil, um parceiro estável e confiável. A entidade reforça ainda que a imposição tarifária é uma questão política que precisa ser tratada com responsabilidade pelas autoridades dos dois países.
Dessa forma, a ABAG defende que uma solução diplomática seja alcançada antes da entrada em vigor da medida, prevista para 1º de agosto. A associação alerta que a tarifa não prejudicará apenas os exportadores brasileiros, mas também os consumidores norte-americanos, que podem enfrentar aumento de preços e menor oferta de produtos.