Enquanto Rio Grande do Sul e Santa Catarina devem colher menos, Paraná surpreende com estimativa otimista de alta de 10,7%
As estimativas para a produção de trigo na safra 2025/26 no Sul do Brasil apresentam cenários distintos entre os estados, segundo dados analisados pela TF Agroeconômica. O Rio Grande do Sul e Santa Catarina devem registrar queda na produção, enquanto o Paraná aparece com uma projeção surpreendente de crescimento, contrariando expectativas do mercado.
No Rio Grande do Sul, o plantio segue em ritmo forte, com expectativa de que até 25% das áreas estejam semeadas até o final desta semana. No entanto, representantes do setor — incluindo cerealistas, cooperativas e sementeiros — estimam que a área plantada não deve ultrapassar 1 milhão de hectares, número inferior à previsão oficial da Conab, que aponta para 1,28 milhão de hectares. Caso confirmado, será a menor área desde 2020. Esse recuo preocupa o mercado e indica que a produção no estado deverá ser menor do que a estimativa oficial.
Já em Santa Catarina, a Conab projeta uma queda de 6,3% na produção de trigo, mesmo com aumento de 2% na área plantada. A redução é atribuída a uma expectativa de queda de 8,1% na produtividade, de acordo com relatos do setor. A venda de sementes também recuou — sementeiros relatam uma redução de cerca de 20% em relação ao ano anterior, sinalizando menor interesse na cultura para esta temporada. Os moinhos indicaram preços entre R$ 1.420 e R$ 1.430 CIF, enquanto negócios pontuais com sobras de semente chegaram a R$ 1.500 FOB.
No Paraná, em movimento oposto, a Conab estima um aumento de 10,7% na produção de trigo, mesmo diante de uma redução de 20,5% na área plantada. O otimismo da estatal se baseia em uma estimativa de alta de 39,2% na produtividade, algo visto como exagerado por analistas do setor. No mercado atual, a semana continuou com baixa liquidez. Produtores pedem no mínimo R$ 1.550/t FOB, enquanto compradores oferecem até R$ 1.500/t para trigo no spot, com entrega em julho e pagamento em agosto.
O cenário demonstra a complexidade regional da produção de trigo no Sul do Brasil, marcada por desafios climáticos, estratégicos e logísticos distintos em cada estado. As decisões dos produtores e os movimentos do mercado nos próximos meses serão determinantes para confirmar ou rever as projeções atuais.
Redação RuralNews