Ataques violentos contra jornalistas no Afeganistão preocupam ativistas

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Pelo menos 14 jornalistas que acompanhavam protestos em Cabul foram detidos entre terça e quarta. Para ativistas, as detenções são prova de que os talibãs não querem que os media trabalhem livremente.

Relatos de ataques violentos levados a cabos por talibãs contra jornalistas no Afeganistão estão a preocupar organizações de direitos humanos e a fazer surgir receios de repressão contra estes profissionais no país.

De acordo com o The Guardian, estão a circular nas redes sociais imagens de dois jornalistas açoitados após terem sido detidos quando cobriam uma manifestação pelos direitos das mulheres em Cabul na quarta-feira. Segundo o relatado por um dos profissionais, Nematullah Naqdi, estes foram levados para a esquadra, onde foram espancados com murros, bastões e cabos elétricos e açoitados depois de acusados de organizarem o protesto.

“Um dos talibãs colocou o pé na minha cabeça, esmagou a minha cara contra o cimento. Deram-me pontapés na cabeça (…). Achei que me iam matar”, contou Nematullah Naqdi, fotógrafo. Quando Naqdi perguntou porque é que lhe estavam a bater, responderam-lhe: “Têm sorte de não serem decapitados”, referindo-se a si e ao seu colega, Taqi Daryab.

Outros jornalistas, incluindo um da BBC, foram impedidos de captar imagens do protesto. Um dia antes, terça-feira, um fotojornalista do canal de notícias afegão Tolonews, Wahid Ahmadi, foi detido e o seu material de trabalho confiscado pelas autoridades. Pelo menos 14 jornalistas que acompanhavam protestos em Cabul foram detidos entre terça e quarta-feira, segundo os dados do Committee to Protect Journalists (CPJ). Estes foram posteriormente libertados, mas seis foram vítimas de violência.

Para os responsáveis da CPJ, as detenções e agressões a jornalistas são prova de que as forças talibãs não querem que os meios independentes de comunicação continuem a operar livremente. “Apelamos aos talibãs para que cumpram as suas promessas, para que parem de bater e de deter jornalistas que estão a fazer o seu trabalho e os deixem continuar a trabalhar livremente e sem medo de represálias”, afirmou Steven Butler, coordenador do programa na Ásia da CPJ, citado pelo The Guardian.

“As autoridades talibãs dizem que deixam os órgãos de comunicação funcionar desde que ‘respeitem os valores islâmicos0, mas estão a impedir cada vez mais jornalistas de acompanharem manifestações. Os talibãs precisam de assegurar que os jornalistas podem continuar a fazer o seu trabalho sem restrições abusivas ou medo de represálias”, disse Patricia Gossman, diretora da Human Rights Watch na Ásia.

Fonte: Observador/Portugal